Wednesday, April 13, 2005

who watches the watchmen ?


Pouco a pouco, os weblogs começam a tomar um formato mais crítico e efetivo. E começam a derrubar os grandes. Nos EUA, devido a falta de análise mais crítica a respeito das fontes utilizadas em uma reportagem Dan Rather – jornalista da rede de televisão CBS – pediu demissão após a história ser exposta por blogueiros independentes.

Incrivelmente, um veículo considerado ainda por muitos como algo sem substância conseguiu adquirir uma função interessante: se a imprensa vigia o Estado, o blog vigia a imprensa.

No Brasil, ainda não tinha se visto isso (pelo menos, eu ainda não tinha). Mas algumas semanas atrás, um blogueiro descobriu incríveis semelhanças entre uma entrevista com o cineasta Woody Allen publicada na revista Isto É e uma entrevista com o mesmo cineasta publicada no site da revista Suicide Girls. Ambas as entrevistas continham elementos que só eram diferentes devido a língua em que cada uma foi escrita.

Plágio! Foi gritado rapidamente, mas nos dias que se seguiram, outras quatro entrevistas do mesmo tipo foram descobertas na web. Quando perguntados, nem a revista Isto É e nem o jornalista (Osmar Freitas Jr.) deram explicações satisfatórias. (O jornalista responsável pela entrevista na Suicide Girls mais tarde admitiria que a entrevista tinha sido dada para mais de um jornalista).

Em um blog hospedado neste mesmo blogspot, o autor pediu retratações dos seus colegas mais inflamados. Sem sucesso.

"No entanto, acho que com o surgimento dessas novas entrevistas, o episódio deve
servir como um exemplo também para pessoas como o Francisco que, sem dar ao
jornalista a possibilidade de se retratar e sem pesquisar o que quer que fosse,
disse que a entrevista "não é 'talvez seja plágio', não é 'quem sabe é plágio' e
não é 'pode ser que seja plágio'. É plágio descarado"."

Erros não acontecem só aqui. Incensados por um sucesso momentâneo na arte de desmascarar a mídia mainstream os blogueiros atacaram outra vez. E erraram feio. Mas ao contrário de Dan Rather e os outros envolvidos no caso, não se retrataram nem pediram desculpas. Como Eric Boehlert comentou em um artigo na Salon: "they haven’t had the guts to apologize for their blunder".

Mas pedir desculpas para quem?

Com a liberdade e a independência que a internet provê aos usuários, qualquer pessoa pode escrever sobre o que bem entender. Mas são eles os novos jornalistas? Um veículo de informação formalizado tem a quem recorrer para obter recursos, mas também tem a quem prestar contas. Um weblog não tem nenhuma das duas. Essa é sua vantagem e sua maior fraqueza. Os blogueiros podem escrever com uma liberdade que jornalista nenhum tem, mas carecem de fontes mais fidedignas. Em um artigo escrito para a revista Slate, faz-se a grande pergunta: What can bloggers do that reporters can’t? E eu ouso responder: errar mais frequentemente.

"As many critics have remarked, blogs will never replace the mainstream media because without the mainstream media to feed on they can't exist. Blogs are parasites, they say."

Essa é uma verdade, os blogs ainda dependem enormemente do suporte de fontes primárias de informação. E por isso, podem estar sujeitos a mais erros.

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