Tuesday, December 26, 2006

Adams, Scott Adams.

Eu demorei muito para gostar de Dilbert. Meu mai costumava dizer que só quem trabalha ou trabalhou em empresas pode começar a entender todos os desdobramentos das piadas, referências internas e coisinhas malignas que acontecem nas tiras. Algo como: 'só quem sente na pele pode achar alguma graça daquilo'. Claro, você pode até compreender o que está acontecendo naquele universo ficcional, mas a catarse necessária para aquele momento de revelação em que se percebe que o departamento de contabilidade é do mal e que os recursos humanos são completamente debilóides só ocorre com pessoas que conviveram com isto, e que SABEM que o departamento de contabilidade é do mal e que os recursos humanos são debilóides.


É por isso que apenas recentemente a tira Dilbert fez o sucesso que merece comigo. Mais ou menos como Frasier, mas em escalas diferentes. (Para gostar de Frasier tem-se que ter bibliotecas e ser um bibliófilo e saber quem foram Gilbert & Sullivan; enquanto para gostar de Dilbert você tem que entender que o departamento de contabilidade é do mal e que, ah, what the fuck, vocês quatro já entenderam...)


Acho que em 1997 ou 1998 eu e meu irmão demos o primeiro livro para meu pai - que sempre foi fã, mesmo antes de absolutamente todo mundo ser fã - que gostou bastante, mas com um entusiasmo blasé desconcertante. Conversando no Natal com ele, eu pedi o livro emprestado e ele disse que estava mesmo trazendo na mala porque um colega já havia pedido. Aparentemente a obra está esgotada em português e não se encontra em lugar nenhum, livrarias ou sebos. Acho que no final foi um presente bom. Melhor que meias. Ou gravatas.


Tá, de qualquer modo, todo este post foi só para linkar um post do blog do próprio criador do Dilbert, Scott Adams, que eu tenho acompanhado com semi-regularidade nas últimas semanas. O cara é muito bom escrevendo prosa, em posts nem muito curtos nem muito longos em que você se mija rindo da visão de mundo que ele tem. Ou algo assim.


Mas isso me chamou a atenção: (texto na íntegra, quem não gosta de ler que saia daqui)

Yesterday I “helped” by taking the dishes out of the dishwasher and putting them in the cupboard. I did all of the plates and cups and glasses and bowls first. Then I put away the larger serving spoons and odds and ends. The last step was the flatware.

But some of the flatware was clearly unwashed.

Oh shit.

All of the other dishes were clean. Or at least cleanish. But these two butter knives had butter on them. I had two theories:

1. The dishwasher had run but someone later put a few dirty butter knives in there by mistake.

2. None of the dishes were clean and I had put them back in the cupboards.

This sort of thing never happens if I’m the one who loaded the dishwasher in the first place because I don’t first rinse everything. I put dishes in there dirty and proud, so you know when the dishwasher has run. But these dishes COULD have been merely rinsed by someone more thorough.

I decided to leave the dirty flatware and just be quiet about the stuff I put away, under the theory that it would be better if I never knew how many dirty dishes I had put away and later reused. This theory was working great until…

Shelly: “Why is the dishwasher empty except for these dirty forks and knives and spoons?”

Me: “Um…Because everything else was washed?”

Shelly: “I don’t think so. I think it was all dirty. What happened to all of those dirty dishes?”

Me” “Um…I’m pretty sure the rest of that stuff was totally clean. So…I…put it away.”

Shelly: “Even Molly’s bowl?”

Now at this point in the story you have to know that Molly is my mother-in-law’s dog who was visiting before Christmas. Molly’s temporary dog bowl was one of our everyday bowls. That meant there was a 1-in-4 chance that I would be the one who ended up eating cereal out of the dog’s dirty (yet rinsed!) bowl.

So I caved in and unloaded all of the dirty dishes from the cupboards back to the dishwasher – at least the ones I remembered.

My long term goal is to develop such a reputation for household incompetence that I am never again asked to do anything around the house. So far my plan is right on track.


Sério. Só eu fiquei assombrado deles utilizarem uma das próprias tijelas para usa com o cachorro da sogra?? E depois colocar na máquina de lavar-louça e a ÚNICA preocupação foi que o ciclo de lavagem não se completou? Deusdocéu. Eu devo ser muito judeu neurótico para achar isso fora do comum pelo visto.

Bem, blog recomendado. Tem um post sobre discriminação ótimo, que meio que sintetiza tudo que eu penso. (Então somos ambos ou muito nazistas ou muito igualitários, e meu judaísmo iria de encontro à primeira opção, então...)



...like dylan in the movies...

Eu sou muito fão do Bob Dylan. Talvez porque ele toque folk rock que nem um louco sem noção e cante muito, mas muito, mal - que nem eu - ; e mesmo tendo odiado a porra do livro dele eu ainda acho o cara um dos maiores. Esse vídeo mostra que ele é foda. E vou COMPRAR o cd dele em vez de trocar por bytes para variar, só para dar uma força pro mito.

O título do post é uma falácia e deve ser desconsiderado, por sinal. Posts sem título me dão the goosebumps, é só.

Monday, December 18, 2006

A Rolling Stone apresenta a sua lista das 100 melhores músicas de 2006.


Há exatos 10 meses (ou mais, sei lá) eu disse que a banda Cansei de Ser Sexy era a next big thing na música brasileira. Ninguém me ouviu. "Music is my boyfriend" me causou um sense of wonder (ver post anterior) como eu há muito não sentia. Fui imediatamente rechaçado (ó coitadinho dele) e as pessoas que eu conheço não deram a mínima bola para descoberta.


CSS está na 61ª posição do ranking da Rolling Stone. Não acho que isso seja algo tão espetacular assim, mas ainda acho que as pessoas deveriam ter me ouvido. Malditos. Quando estiverem dançando ao som de uma versão de remix de alguma música do grupo eu vou gargalhar ferozmente e voltar a minha leitura do momento.

(E aguardo também o debut para a fama da banda Jumbo Elektro. Li sobre ela em um dos blogs que o Cardoso já teve e achei simplesmente docaralho quando escutei. Ele declarou que deveriam ser instantaneamente famosos, coisa que imediatamente concordei e que obviamente não ocorreu. Mas é muito boa música, posso garantir).

Update: a todos os disléxicos tecnológicos que acessam esse blog, a música pode ser ouvida aqui.

sense of wonder


Não consigo parar de olhar para esta foto. É um comportamento muito bizarro, eu sei, mas não é por mal.

Desde que eu me entendo por gente que eu gosto do estranho, do fantástico. Leitor assíduo de ficção-científica, de histórias em quadrinhos, de livros de fantasia, de relatos improváveis, - sussurro - ex-jogador de RPG e tal.

Baseado nisso sempre teve uma época da vida em que achei que em algum momento da minha existência eu perderia aquela sensação de que as coisas são maravilhosas. Sabe, uma atitude completamente blasé frente aos avanços da ciência e da humanidade porque, ora bolas, nenhuma delas chegaria nem perto do pés das coisas que eu lia nos livros.

"Sonda da NASA em Marte enviando imagens ruins e fora de foco com atraso de 17 horas? Pfffffff. Eu quero é ver colônias de clones metabolizados em Júpiter..."

Mas não foi assim que a coisa andou. A cada notícia que eu leio nos blogs da Wired, na Boing Boing, no Stumble e coisas do gênero eu penso: "putaquepariu! o mundo inteiro é fantástico. TUDO é ficção científica. Absolutamente TUDO"

A foto do bebê sereia é só para ilustrar a coisa toda. Obviamente todos os envolvidos sofreram muito e nada disso foi bom para ninguém, mas eu não consigo deixar de pensar em X-Men, A Guerra das Salamandras e os Dargonesti quando eu vejo esta imagem. (Ok, talvez eu só seja um idiota abilodado que leu coisa estranha demais).

Mas igual, esta, e muitas outras notícias, imagens, relatos e vídeos tem me causado um sense of wonder quase perpétuo, como se as coisas fora do comum fossem comuns.

Se todo um texto está em negrito então o que está em negrito?

Ou isso ou eu tenho que parar de ver reprises de X-Files.

Friday, November 10, 2006

Calvin & Hobbes

Direto do pessoal do Robot Chicken, uma visão de como seria a vida de Calvin & Haroldo se eles existissem de verdade.






Eu lembro de um cara que imaginou a troca de e-mails entre Suzie e Calvin, anos depois e já na faculdade. Brilhante. Tenho os recortes de jornal de quando saiu a matéria, mas não encontro mais na internet. Das coisas que sumiram.

Friday, November 03, 2006

ciclos, mesas, debates e microfones

É uma coisa meio velha misturada com uma coisa meio nova, mas andei assistindo a uma série de debates sobre Jornalismo e Literatura na Feira do Livro de Porto Alegre.

Quer dizer, série é meio exagerado; foram apenas dois até agora.

Domingo passado, dia 29, o tema foi Jornalismo Literário, com participação da Eliane Brum, repórter da Revista Época, muito simpática e (ouso dizer) sensível. Também estiveram lá Carlos André Moreira (mediador), Vítor Necchi (professor da Famecos-PUCRS) e Edvaldo Pereira Lima (vice-presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Literário). Surpreendentemente os teóricos falaram melhor, com mais conhecimento e dando uma palestra acessível para a platéia, especialmente porque não se sabe quantos dos presentes sabiam quem era Gay Talese in the first place. A Eliane é melhor escrevendo do que falando, talvez por timidez.

No dia 1º foi a vez dos blogs, estes esquecidos¹. Sérgio Lüdtke mediou, Tailor Diniz e Cardoso participaram e Eduardo Pellanda (da Famecos) participaram. Eu não sei se foi porque eu deixei de participar deste tipo de evento há muito tempo, quando eu ainda ia na Bienal dos Quadrinhos do Rio de Janeiro², ou se os palestrantes eram bons mesmo, mas achei muito bom o tom e a qualidade do papo. (Ou, como meu pai vive dizendo, é muito fácil se achar inteligente e achar todos inteligentes quando estamos concordando. Quer dizer, estão falando sobre Long Tail? Technorati? Wired? blogs políticos? Todas essas coisas que eu acompanho? Então somos inteligentes juntos.)

O legal mesmo foi conhecer o Cardoso. Cara legal.

De qualquer modo, a opinião quase unânime lá foi de que os blogs têm que ser espontâneos para serem, surpresa, surpresa, verdadeiros. Isso me parece meio óbvio, mas é de uma simplicidade quase atordoante. Não é porque os blogs têm que ser contra o sistema, "nós" contra "eles", nem nada disso; mas faz parte do charme do meio blog esta coisa meio caseira de escrever³.


¹ Ah, as piadas. O que seria de um post sem piadas.
² Pode parecer muito estranho, mas eu me lembro o momento exato em que desisti de participar/assistir deste tipo de coisa. Era a II ou III Bienal dos Quadrinhos do RJ e eu estava em uma palestra - bastante cheia, lotada até - em que a estrela era o Bill Sienkiwekiz. O cara era a estrela da época, ou algo assim, e todo mundo tinha lido Elektra Assassina e sei lá mais o que. Eu tinha acabado de responder a um cara que sim, o Bill já tinha desenhado Batman, e era só ele procurar a capa de Superpowers 10 para se calar e me idolatrar como grande conoisseur para sempre. Tinha acabado de dizer isso quando um gordinho se levantou e - dispensando intérprete - fez a sua pergunta em inglês mesmo. (Devo dizer que isso sempre é temerário. Mesmo que você seja mais do que fluente, isso só gera mal estar e má vontade). Ele perguntou ao Bill quais cores ele tinha usado ao fazer Elektra Assassina.

Bill prontamente respondeu: "Yellow, Blue, Red, you know..."

Ali, naquele momento eu parei de frequentar essas coisas. Debates, seminários, oficinas, workshops. A cena toda foi de um escrotismo tão intenso - de todos os lados - que simplesmente achei que era melhor parar. Sair fora.
³ Isso me fez pensar muito sobre este blog, é óbvio. É espontâneo, mas eu realmente não sei ainda sobre o que é.

Tuesday, October 31, 2006

NaNoWriMo

Ano passado eu me deparei com essa iniciativa bacana e surreal que é o National Novel Writing Month.

Basicamente se trata de um bando de loucos que se propõe a - cada um - escrever um romance inteiro durante o mês de novembro. 50.000 palavras enre os dias 1º e 30.

12 meses atrás eu arreguei, mas este ano vai. A partir de amanhã estarei oficialmente enlouquecido tentando marretar palavras em ordem razoável; e a verdade é que, apesar de ser uma brincadeira, já estou sentindo uma pressão deslavada. Não tenho idéias nem para começar. Não sei do que se trata. Não sei o título. Não vou conseguir.

Prevejo rants coléricos neste espaço no mês que virá.

sinal dos tempos

Notícia publicada no terra.com.br hoje:


Fotos da atriz Marcia Cross, 44 anos, a Bree de Desperate Housewives, nua foram encontradas no lixo de sua casa em Los Angeles.

Um homem contratado por uma empresa para remover o lixo da residência de Marcia afirma ter encontrado as fotos.

"Há algumas fotos dela tomando banho. Ela está maravilhosa", disse o agente do homem, Davis Hans Schmidt, ao New York Daily News.

Foram encontradas mais de 200 fotos pessoais da atriz. "As fotos não foram roubadas. Quando você joga algo fora, você perde o direito sobre o objeto", afirmou Schmidt que está tentando vender as imagens.

O advogado de Marcia afirmou que não importa onde as fotos foram encontradas e que elas pertencem a sua cliente de qualquer maneira.


Celebridades peladas? Cara, estou cagando para isso. Não tem mais valor socio-cultural nenhum.

Mas o fato de um lixeiro ter um agente - um AGENTE - é um sinal de que estamos próximos do fim. (Nada contra lixeiros, mas é a mesma coisa como se eu tivesse um agente. Ou a minha cachorra.)

De alguma maneira bizarra que só a minha cabeça entende a lógica eu relaciono isso ao post do Daniel Galera sobre como a vida simples está mais complicada, e com o texto (linkado pelo próprio) publicado no Telegraph sobre como ninguém mais cresce de verdade. A última geração de adultos está morrendo, eu acho.

Saturday, October 28, 2006

100

No centésimo post.


1. Foi só ao ver Matchpoint na tv que eu percebi algo que deveria ser óbvio há mais tempo: Woody Allen funciona bem melhor em inglês. Inglês da Inglaterra, quero dizer. Sei lá quando foi que ele percebeu que fazer filme na Europa era mais legal. Talvez ele faça porque é mais rentável, ou mais barato, sei lá. Mas o que eu acho mesmo é que todo aquele clima de ópera, e literatura, e discussões culturais, e homens e mulheres que se vestem tão bem, e que frequentam cafés e galerias de arte é muito mais interessante na Inglaterra. E eu fico imaginando como seria um filme dele na Alemanha.

Não que não funcione em Nova Iorque, de jeito nenhum. Mas é mais charming.


2. O filme saiu ano passado, ou retrasado, acho. Mas só agora vi, depois da recomendação sempre cautelosa de um amigo. Este amigo está de blog agora, como quem descobre a esposa grávida e não sabe o que fazer. (Se bem que, com dois posts, já dá para saber que é um pai nato, e certamente escreve muito melhor que eu - apesar de escrever predominantemente sobre esportes. Nada contra esportes, mas acho que seria um excelente blog que ninguém lê sobre outros assuntos além de esporte.)


3.
A lista de livros por ler antes de se pensar em comprar algum já está em 34. A leitura atual é Jonathan Strange & Mr. Norrell, sobre o qual escrevo escrever no futuro. O que posso dizer é: é um livrinho muito bizarro. Do tipo que gasta duas páginas inteiras com uma nota de rodapé descrevendo uma jurisprudência em um mundo fictício em que a magia existe. Mas, vocês sabem. charming.

4. Centésimo post.

Wednesday, October 18, 2006

Believer Magazine

Que pérola mais legal esta tal de Believer Magazine.


Encontrei há um tempo atrás fuçando coisas sobre a Tina Fey (que por sua vez veio de uma busca pelo novo seriado 30 Rock, que veio de uma série de comparações que aconteciam entre 30 Rock - que foi criada por Fey - e Studio 60 - que foi criada pelo melhor escritor da televisão. Mas divago. Escreverei mais sobre Studio 60 no futuro); e acabei encontrando muitas outras coisas legais. Resenhas de livro da Kelly Link, colunas da Sarah Vowell, entrevistas com Sarah Silverman, David Sedaris e Lorrie Moore. Quanto mais eu cavo mais eu acho, e estou quase feliz que a revista tenha tão pouco tempo de vida, afinal, se tivesse já uns três anos a mais do que tem eu já estaria completamente perdido e com leituras prontas pelos próximos meses.

A grande merda é que apenas alguns conteúdos são disponíveis integralmente. A Livraria Cultura nunca ouviu falar da revista, o que impossibilita aquela compra avulsa sem compromisso.

Em outras notícias: a tal da Revista Piauí é bem boa. Mas prevejo fim pior que o da Bundas. Blogosfera comentando bastante no entanto. Mas sabe-se que blogosfera não mantém nada no ar. (O Parada tem um texto bacana sobre o assunto comentando)

Wednesday, August 16, 2006

Thursday, July 27, 2006

próxima parada: haikais

ClicRBSTerra que lê Boing Boing.

Atenção nas datas e horas.

Poema hypermoderno. Publicarei no meu livro de poesias do futuro. (hah).

Monday, July 24, 2006

heavy boots

Traduzido por Daniel Galera, o livro Extremamente Perto & Incrivelmente Alto de Jonathan Safram Foer é um livro muito legal. Narradores mirins super-espertos (ou nem tanto) são sempre garantia de simpatia, e realmente não dá para entender pessoas que gostam de Harry Potter. O guri é muito burro.


Galera fala aqui sobre aquela sensação estranha de ver uma tradução sua publicada. "Fico com as botas extremamente pesadas". O No Mínimo cola uma pequena parte aqui. Mantiveram a capa original, o que parece ser algo muito bom, já que todos estão falando a respeito. (Eu não entendo de capas, mas compro livros quando gosto delas.).


Tuesday, July 04, 2006

a voz de uma geração

Este artigo da Time tenta esclarecer quem é o autor que representa a atual geração de escritores norte-americanos (ou de língua inglesa, vá lá). Particularmente, eu não vejo uma geração propriamente dita - discussão que pode se estender mesmo para os limites do nosso território tupi-literário - e devido a essa falta de unidade, digamos editorial, não poderia haver um expoente, um farol.

Os caras da Era do Jazz se preocupavam em escrever sobre bebidas, e corridas (fossem de carros ou de cavalos), e mulheres, e mais bebida. (Estou falando sem propriedade nenhuma, na verdade estou falando apenas de Fitzgerald e Hemingway,e mesmo assim, sem propriedade nenhuma sobre esses dois). Mas eles tinham uma interesse em temas que eram próximos a eles. Escreviam de maneiras diversas uns dos outros, mas tinham interesses parecidos, em bebida, e mulheres, e bebida
, e conflitos armados. Esse era o ponto de corte deles.

Os autores com menos de 40 anos de hoje têm em comum a forma. Ou a falta dela. Prefácios moderninhos, formatação diferenciada, piadinhas já nos agradecimentos, mistura de ficção e não-ficção, imagens e fotos misturadas no texto. Esse tipo de coisa. Nada contra, claro. Eu amo muito tudo isso. Mas é só isso que eles têm em comum, o fato de que se diferem tanto a ponto de não terem nada em comum. São iguais em serem diferentes. O artigo menciona alguns autores jovens bem interessantes, como Zadie Smith, Jonathan Safran Foer e Jhumpa Lahiri (grande chances de se encontrar uma grafia errada ali), e desconsidera como vozes desta geração David Foster Wallace e Jonathan Franzen - que já seriam velhos demais, são vozes de outra geração; o que é meio absurdo.

Se ser a voz de uma geração significa escrever pela primeira vez - e não necessariamente da melhor maneira - sobre como se sente, se comporta e se movimenta a mais nova geração de pessoas, então talvez não encontremos ninguém. Nem aqui nem lá.

"Writers are always speaking for themselves and not for a generation. I don't know if they want that responsibility. I think it's something that nobody would feel comfortable with unless the ego was completely untrammeled."
Não sei se é uma questão de responsabilidade. Se eu fosse um escritor publicado, talvez tivesse vergonha em ser reconhecido como a voz desta geração. Ou da última. Ou da próxima. O que mais percebo em entrevistas de autores com menos de 40 anos no Brasil de hoje, é uma reticência em se enquadrar em um grupo, em uma geração literária. Talvez isso aconteça por que queiram se diferenciar dos outros escritores, mas eu acho mesmo é que eles querem se diferenciar das pessoas.

Wednesday, June 28, 2006

Is anyone else out there drumming their fingers waiting for the superhero craze to be over? I mean, it's not impossible. Westerns had their day in the sun and now are revisited mainly as genre curiosities (or when there's something really hip to do with them, as in HBO's Deadwood). Musicals came and went, as did films about mutant insects turned giant by atomic radiation. But 28 years after Richard Donner's Superman: The Movie, the No. 1 mythical archetype at the box office—with the possible exception of the Italian gangster—is still the dude in a cape with the secret powers and the schleppy* everyday life.

Concordei com ele, mas por motivos totalmente diferentes.

De qualquer modo, a comoção em torno de filmes de HQ continua. Aguardo ansiosamente um filme sobre Turok, the Dinosaur Hunter. Daí quero ver se essa coisa continua.

* Alguma relação com shleper? Será? Alguém que entende íidiche e lê este blog, por favor? Flashbacks dolorosos acometeram minha mente agora. Devido a isso, terei que desafogar a angústia postando mais frequentemente. Se eu pudesse nomear um culpado eu faria, ah eu faria. Mas infelizmente não posso. Isso se chama medo.

Tuesday, May 30, 2006

Ninguém vai entender, mas vá lá.


Depois de vários anos, eu finalmente tomei vergonha na cara e decidi terminar de ler uma série de livros que eu gosto muito. E acho que dá para dizer que o gostinho da familiaridade é uma coisa fenomenal.
Nada pode ser mais legal que, ao abrir o livro* na página 9, ler um diálogo de Tas e Caramon sobre como eles estão perdidos, e captar uma referência à vez em que Tas liderou todo o bando em direção a uma cidade-porto coberta de areia por todos os lados (Tarsis, no primeiro livro de Dragões da Noite de Inverno**).

É engraçado, há uns 14 anos eu comecei a ler estes livros. Há uns dez anos eu vi uma edição hardcover de Dragons of Summer Flame em uma viagem à Disney; mas não comprei (porque era um cagado e fiquei com medo de ficar sem dinheiro, apesar de gastar uma fortuna em badulaques e fast-food), mas corrigi o erro semana passada - em paperback. Há uns três anos eu voltei a ler os livros mais novos, em especial da fase Age of Mortals, com a volta de Weis e Hickman. Nesse ritmo vou ler os livros todos da coleção em uns duzentos e cinquenta anos, o que me parece improvável. Altamente improvável.

Que série legal essa. Elven Nations Trilogy Boxset: aí vou eu.

* O 'livro' em questão é The Test of the Twins

**As edições da Europa-América sempre eram lançadas em dois livros. Aparentemente os lusitanos não sabem encadernar.

Wednesday, April 19, 2006





Hum, coisa mais bizarra que eu vi hoje. E hoje eu vi muita coisa bizarra.


Obrigado ao Filisteu por quinze minutos ininterruptos de riso.
Não se comenta sobre o Oscar. Parei de ver filmes.

Tuesday, January 17, 2006

raindrops

Premiação legalzinha. Os melhores discursos foram os de melhor ator em televisão (comédia e drama) certamente. Quando eu achei que Hugh Laurie tinha detonado Steve Carell apareceu e fez um dos discursos mais legais.

De resto foi mais ou menos. Quero ver Capote, cowboys gays - não Rocky e Hudson e sim os outros - Empire Falls, o The Office versão americana e Good Night and Good Luck.

Apostas para o Oscar:

filme: Brokeback Mountain
diretor: Ang Lee
roteiro: Brokeback Mountain
ator: Phillip Seymour Hoffman
atriz: Felicity Huffman (hum, a cacofonia vai ser engraçada)

Talvez Reese Witherspoon tenha chance se fizerem sua indicação como Atriz Coadjuvante.

Lista completa aqui.

Monday, January 16, 2006

grande descoberta (perhaps)

Notícia interessante, porém não nova. Já havia lido sobre o assunto em alguns textos, mas é a primeira vez que vejo aparecer em mídias mais convencionais.

Em um ano de Freys e coreanos fraudadores, entretanto, todo o cuidado é pouco. Com a sorte que andamos, pode ser que isso se prove uma mentira sem tamanho.

Saturday, January 14, 2006

life on mars

Recomendada por Warren Ellis na sua lista de e-mails , a série da BBC Life on Mars é bastante interessante. Previsão de oito episódios - o primeiro foi ao ar dia 9, o segundo vai ao ar dia 16 - com uma história fechada, sobre um policial inglês que depois de ser atropelado no ano de 2006 acorda no ano de 1973, ainda policial mas com umas lapelas a mais.

O primeiro episódio foi bom. E, como Ellis disse, algo que parecia ser ruim se mostrou interessante e até mesmo bizarro em algumas partes. Espera-se que não dê merda.

torso

Excelente notícia. Finalmente uma das obras mais legais da fase independente de Brian Bendis sairá em versão cinematográfica.

Na série Fortune and Glory, Bendis mostrava como eram as negociações em Hollywood quando tentava vender os direitos e o roteiro de AKA Goldfish. Sua tentativa de escrever o roteiro do filme foi engraçadíssima, especialmente porque ele, como um autor mais do que prolixo, não conseguia entender que tinha que cortar texto. Cortar texto, vejam só.

Mas o momento mais hilário de toda a série, certamente, foi quando um grupo de produtores se interessou por Torso. Quando um dos produtores pergunta com quem estão os direitos do personagem Elliot Ness, Bendis responde:

"Com ninguém. Ele existiu de verdade. Não existem direitos."

O produtor retruca:

"Não pode ser. Este é um personagem inventado, alguém deve ter os direitos sobre ele. E mais, podemos talvez fazer ele mais jovem. Tipo, uns 21 anos.?"

Isso me faz pensar que talvez essa não seja uma notícia tão excelente assim. Mas eu sou um esperançoso.

Wednesday, January 11, 2006

lagostas

Quero ler este livro.

David Foster Wallace parece ser uma daqueles autores que merecem ser lidos (e isso é baseado em entrevistas apenas), e, apesar de ter lido apenas uma obra sua (Breves Entrevistas com Homens Hediondos, traduzido) e de não ter nem chegado perto ainda da obra magna Infinite Jest (titânico livro de mais de mil páginas) sinto que vou começar mesmo por esse livro de ensaios.


Não-ficção pode ser uma dessas coisas muito, mas muito, chatas. Quando feita de uma determinada maneira, entretanto, ensaios podem trazer textos cheios de vida e opinião. Acho que esse é um desses casos.

No livro, Wallace escreve sobre a ética e a moral de se comer animais e sobre se e como os mesmo sentem algum tipo de dor quando são sacrificados. O título do livro ainda é seguido de outros, como a quase-reportagem que Wallace fez para a revista Premiere cobrindo o AVN Awards*. Ninguém grita newjournalism antes de ler o livro.

Recentemente publicado no Brasil, o autor das notas-de-rodapé** provavelmente não fará sucesso algum.


* O Oscar da Pornografia, para os menos chegados em saber de tudo.
** Isso é meio verdade. Suas notas de rodapé às vezes dariam um livro inteiro. É um dos motivos pessoais de eu gostar dele. Sempre achei que se eu fosse escritor colocaria toneladas de notas de rodapé em tudo que escrevesse. Inclusive notas sobre as notas - coisa que ele mesmo já fez e faz - ; mas daí vieram os textos de sociologia e estragaram tudo.

números da caminhada no parcão

Número de iPod Nano vistos: 2

Número de pessoas correndo: menor que o normal (calor)

Número de nerds gordos sentados nos bancos: um a menos, eu estava caminhando.

Número de Golden Retrievers: maior que o normal. Acho que o Golden Retriever é o Cocker Spaniel desta estação.

Tuesday, January 10, 2006

o problema com as editoras? não. o problema com os jornalistas.

De vez em quando um jornal fica sem pauta, eu imagino. Isso deve acontecer. Não cheguei a ver isso nas aulas de Introdução ao Jornalismo mas certamente acontece vez que outra em qualquer editoria.

Daí vêm os testes. As matéria de jornalista na pele de alguma profissão. Os perfis suspeitos. Desta vez, decidiram redigitar alguns livros aclamados e ganhadores de prêmios e enviaram para editoras. Que prontamente os recusaram. Li algumas opiniões sobre o assunto aqui e ali. Neil Gaiman não achou o assunto digno de muita nota, esclarecendo que livros novos são recusados o tempo todo. Provavelmente é a posição mais sensata neste caso. Mesmo em um mercado editorial como o da língua inglesa onde, eu imagino, as vendas andam não-ruins.

No caso, os livros redigitados e apresentados como manuscritos originais eram de Stanley Middleton e V.S. Naipaul (escritor inglês de origem centro-americana ganhador do Nobel de literatura). Gaiman sustenta que provavelmente alguns editores recusaram o livro porque perceberam que alguém mandara um livro famosíssimo e não quiseram discutir porque: ou era uma brincadeira, ou era algum lunático perigoso. Para mim era os dois. E não só na conjectura.

Mas há um problema. Pelo menos uma editora recusou o livro e acrescentou uma nota explicatória, em que julgava as qualidades do livro, mas não falava nada a respeito de ele ser uma cópia de um vencedor do Booker Prize. Isso sim é bizarro. Mas é só minha opinião, obviamente.

Eu ainda queria ver testada uma teoria. Algum escritor com reconhecimento positivo da crítica e do público deveria tentar escrever e submeter ao crivo de editoras um livro muito ruim. Como as roupas do imperador, gostaria de saber quem iria dizer a verdade antes de todos os outros.

(Pensando bem, acho que isso já foi feito; sistematicamente, ainda por cima. Só esqueceram de avisar a todos.)