Monday, April 25, 2005

vos digo


Em verdade vos digo: o Manhattan Connection de ontem foi a melhor amostra de programa decente dos últimos tempos. E teve a melhor discussão sobre como acertar de vez a questão equatoriana de todos os tempos. Mainardi Vs. Blinder.

Se o programa fosse ao vivo eu ficaria esperando por um infarto agudo no miocárdio do barbudo provocado pelo agitador-mor. Mas como não é, me contento com sua gagueira, sua vermelhidão facial e por sua irritação incontida.

Saturday, April 23, 2005

comediantes - criaturas engraçadas

A comédia é um troço engraçado. Sem trocadilhos. Mas também o que poucos sabem é como funciona o processo criativo por trás daquilo que rimos. Neste artigo para a New Yorker, este autor resenha um livro sobre the early years do Saturday Night Live, e ainda consegue comparar a comédia do grupo com filosofia alemã. (Não é piada).

Isso me lembra de começar aquele manifesto pelo início de uma tradição de stand-up comedy neste país tão necessitado de boa comédia.

Friday, April 22, 2005

meu amigo imaginário escreveu isso

Estudo norte-americano sobre como as crianças criam e lidam com amigos imaginários.

O engraçado é que eu não lembro de ter tido um. Comecei a falar sozinho depois de velho mesmo.

[ origem do link: http://www.stormwerks.com/linked/ ]

Thursday, April 21, 2005

a arte de resenhar

Fuçando no site do escritor Michael Chabon, encontrei uma carta sua - nunca publicada - ao The New York Review of Books. A carta é uma grande e detalhada crítica à resenha que o escritor David Hadju (não, eu também nunca ouvi falar) fez de duas obras de Joe Sacco (Palestina e Área de Segurança: Gorazde) e uma de Daniel Clowes (Ghost World).

Sacco é conhecido por seu estilo jornalístico documental de fazer HQ, e Daniel Clowes ficou mais conhecido no Brasil - na minha opinião - pela obra cheia de loucura e surrealismo Como uma Luva de Veludo Moldada em Ferro. A resenha é antiga, bem como o comentário de Chabon.

Chabon escreveu sua carta como uma reclamação sobre a imprecisão de algumas informações e análises do resenhista. A carta nunca foi publicada porque - o autor especula - era longa demais; mas lhe rendeu um convite para resenhar obras para o mesmo veículo. (Anotação mental: escrever mais cartas reclamantes.)

De qualquer modo, é sempre agradável ver - não apenas um, mas dois - autores de qualidade e renome (pelo menos no caso de Chabon) escrevendo sobre histórias em quadrinhos.

Wednesday, April 20, 2005

livros sobre livros


Dia desses morreu o Saul Bellow. Ele era um escritor canadense, mas que se radicou desde cedo nos Estados Unidos, de origem judaica e que escrevia sobre o cotidiano urbano de cidades, tendo como referência Chicago e Nova Iorque. Eu tentei ler um livro dele - "Henderson, o rei da chuva" - mas não terminei. Não me lembro porque. Acho que era emprestado. De qualquer modo, não posso opinar sobre a obra deste autor agraciado com o Nobel de literatura em 1976.

O que acontece é que na última Veja saiu uma matéria com um perfil dele, em que o escritor aparecia em uma foto, de chapéu. Não era exatamente uma foto recente, mas eu sempre me admiro com pessoas que usam chapéu. Não boina, não boné, mas chapéu. Parece uma coisa digna e sofisticada, que é como eu penso que o Bellow era. E isso me lembrou de uma vez em que eu estava em uma livraria e peguei o último livro dele para folhear.

"Ravelstein" é um livro sobre um escritor, pelo menos é o que dizia a contracapa, e eu realmente gosto de livros sobre escritores. São livros sobre livros na maioria das vezes, na verdade.

E isso tudo foi só para dizer como os livros sobre livros são interessantes. Talvez seja por isso que eu goste tanto de "As Piedosas", do Federico Andahazi. Todo aquele clima fictício em cima de fatos supostamente reais me faz pensar.

"Hollywood", do Bukowski, é outro caso de livro sobre o ato de escrever, e, apesar do Bukowski, traz uma história muiyo legal sobre um autor tentando transcrever sua obra para outro meio, no caso, o cinema.

Diversos outros livros trazem este tipo de ponto de vista, o autor como personagem. Ernest Hemingway escreveu "Paris é uma Festa" quando vivia em um estado de semi-miséria em Paris (obviamente) tentando fazer uma vida como escritor. "Fome", de outro ganhador do Nobel (Knut Hanson) também segue por esta mesma linha. ( Na verdade, Hansun praticamente criou a figura do escritor maldito, mulambento e esfomeado, sendo o antecessor de John Fante e Charles Bukowski, entre outros. Sim, mordam-se ao saber disso, estudantes de comunicação).

Eu, particularmente, gosto muito de Michael Chabon. Em "Garotos Incríveis", Chabon esmiuça com humor e qualidade como é o mercado editorial e a agonia criativa que um escritor pode ser obrigado a passar. Em "As Íncriveis Aventuras de Kavalier e Clay" - ganhador do Pulitzer de melhor ficção em2001 - ele aborda outro tipo de processo criativo, o quadrinístico.

Isso sem falar de "Fahrenheit 451", de Ray Bradbury. Um livro que critica a falta de cultura, a imbecilização frente à televisão e a censura tinha que ser bom. Mas foi melhor.

É. Os livros sobre livros são os melhores. Ou não. Veremos.

Tuesday, April 19, 2005

mais em opinião

Ainda na questão mulheres que opinam, li na seção Media (do Orkut) uma colunista escrever sobre o assunto.

O tom é cômico e superficial, mas também, o que não é nessa internet?

Pode-se ler aqui, mas transcrevo uma parte:

"A few days ago there were several editors of opinion pages and opinion writers on NPR to discuss this very topic. Each expressed how they would like to publish more women but the pool of writers isn't that deep. In other columns, female writers such as Maureen Dowd of the New York Times threw their own guesses as to why more women don't write about what they believe in. Dowd hypothesizes that many women writers don't want to express their opinions because as women they'll be more likely labeled a hysterical bitch.

In a way Dowd's words ring true. How many times have you heard, or been a part of a heated discussion where a woman was not only involved but dominating, only to have her ideas and passion dismissed
as a case of PMS? In how many classrooms of higher learning has a valid point of view been dismissed because it came from a woman? It happened to me as I was getting my undergraduate degree. "

Monday, April 18, 2005

Gaiman

Li em uma entrevista que o escritor britânico Neil Gaiman está escrevendo, escreveu ou irá escrever o roteiro de um filme para o diretor Robert Zemeckis.

(A temporalidade não é uma coisa muito importante neste momento).

O que interessa é que o roteiro é uma adaptação de Fermata, livro de Nicholson Baker que fala de um homem que tem o poder de parar o tempo para despir mulheres. Hah. Quão deliciosamente juvenil é isto.

Não li o livro, que está com a tradução (de 1994) esgotada. Mas a idéia parece fenomenal. E se eu não me engano muito o livro entrou na lista dos melhores livros lidos no ano de 2004 pelo diretor Jorge Furtado.

De qualquer forma, deve ser interessante ver Gaiman como roteirista. Mas alguém que alcançou excelência nos quadrinhos e na literatura TEM que dar certo no cinema.

Friday, April 15, 2005


Mais ou menos como eu acho que a maioria do mundo das letras funciona

as gentis


Procurando por informações referentes ao post anterior, topei com com uma certa srta. Michelle Malkin e seu blog bastante incisivo. Seu último post comenta uma coluna da articulista Maureen Dowd - do NY Times e, se não me engano, da New Yorker - em que MoDo discorre sobre o fato das mulheres terem medo de opinar sobre assuntos mais importantes.

Não leio as colunas de Maureen com frequência, mas já tinha ouvido falar dela e assisti ano passado a uma entrevista sua no Late Show with David Letterman. Ela me pareceu muito tímida, quase que patologicamente introspectiva. David Letterman disse: "Ela é tão inteligente que pode fazer parecer que eu sou burro". E foi assim que pareceu. Um de seus livros mais recentes é Bushworld e suas posições políticas parecem cair mais para o lado da esquerda (americana, diga-se de passagem). Isso explicaria a fúria com que Michelle Malkin - reconhecidamente uma right-winger - declama suas colocações em seu blog pessoal.

Em um post intitulado "Who needs Maureen Dowd?", Michelle tenta compreender porque a jornalista está preocupada com a falta (ou o pequeno número) de Op-Eds femininas.

Segundo Michelle, isso se deve ao fato de que Maureen se recusa a tomar como exemplo opiniões e relatos de escritoras e jornalistas tidas como republicanas - ou conservadoras -, como a própria Michelle. Em seguida dá uma lista de sugestões de alguns blogs coordenados por mulheres que - segundo ela - fariam melhor uso do espaço da sua coluna no NY Times.

Eu consegui ler duas, antes de começar a ficar com medo.

A primeira, the Anchoress, espicaça Maureen Dowd aqui pedindo que ela volte a amar o que faz (supostamente escrever) e que use seu útero (sim, eu sei) como instrumento de força interior. Meio exagerado, na minha opinião.

A segunda, La Shawn Barber, aborda um tema que já foi visto na rede (mas que eu não vou encontrar o link agora): a falta de diversidade na blogosfera. Ou, por que os blogueiros mais reconhecidos são homens brancos ? Mas não é essa a questão aqui. A questão é por que as mulheres não estão tão numericamente bem representadas na emissão de opinião.

Uma opção levantada nas discussões seria a de que as mulheres não aguentariam as críticas que vêm junto. Talvez. Ou talvez não estejam interessadas em expressar suas opiniões tão enfaticamente.

Mas mulheres como Maureen Dowd (que já tem mais de cinquenta anos), Michelle Malkin (que parece ser de ascencência oriental) e La Sahwn Barber (que é negra) tem algo a dizer. E dizem com ênfase e coragem, independentemente de estarem certas ou erradas.

p.s.1 Mencionei idade e origens raciais como maneira de deixar bem claro que talvez a homogeneidade da blogosfera não seja tão estática assim.

p.s.2 A menção do útero em um artigo endereçado a outra colega de letras pode ser a analogia feminina para o "se você tivesse colhões para isso..." dos homens. Posto assim, agora acho que todos somos exagerados.

Wednesday, April 13, 2005

who watches the watchmen ?


Pouco a pouco, os weblogs começam a tomar um formato mais crítico e efetivo. E começam a derrubar os grandes. Nos EUA, devido a falta de análise mais crítica a respeito das fontes utilizadas em uma reportagem Dan Rather – jornalista da rede de televisão CBS – pediu demissão após a história ser exposta por blogueiros independentes.

Incrivelmente, um veículo considerado ainda por muitos como algo sem substância conseguiu adquirir uma função interessante: se a imprensa vigia o Estado, o blog vigia a imprensa.

No Brasil, ainda não tinha se visto isso (pelo menos, eu ainda não tinha). Mas algumas semanas atrás, um blogueiro descobriu incríveis semelhanças entre uma entrevista com o cineasta Woody Allen publicada na revista Isto É e uma entrevista com o mesmo cineasta publicada no site da revista Suicide Girls. Ambas as entrevistas continham elementos que só eram diferentes devido a língua em que cada uma foi escrita.

Plágio! Foi gritado rapidamente, mas nos dias que se seguiram, outras quatro entrevistas do mesmo tipo foram descobertas na web. Quando perguntados, nem a revista Isto É e nem o jornalista (Osmar Freitas Jr.) deram explicações satisfatórias. (O jornalista responsável pela entrevista na Suicide Girls mais tarde admitiria que a entrevista tinha sido dada para mais de um jornalista).

Em um blog hospedado neste mesmo blogspot, o autor pediu retratações dos seus colegas mais inflamados. Sem sucesso.

"No entanto, acho que com o surgimento dessas novas entrevistas, o episódio deve
servir como um exemplo também para pessoas como o Francisco que, sem dar ao
jornalista a possibilidade de se retratar e sem pesquisar o que quer que fosse,
disse que a entrevista "não é 'talvez seja plágio', não é 'quem sabe é plágio' e
não é 'pode ser que seja plágio'. É plágio descarado"."

Erros não acontecem só aqui. Incensados por um sucesso momentâneo na arte de desmascarar a mídia mainstream os blogueiros atacaram outra vez. E erraram feio. Mas ao contrário de Dan Rather e os outros envolvidos no caso, não se retrataram nem pediram desculpas. Como Eric Boehlert comentou em um artigo na Salon: "they haven’t had the guts to apologize for their blunder".

Mas pedir desculpas para quem?

Com a liberdade e a independência que a internet provê aos usuários, qualquer pessoa pode escrever sobre o que bem entender. Mas são eles os novos jornalistas? Um veículo de informação formalizado tem a quem recorrer para obter recursos, mas também tem a quem prestar contas. Um weblog não tem nenhuma das duas. Essa é sua vantagem e sua maior fraqueza. Os blogueiros podem escrever com uma liberdade que jornalista nenhum tem, mas carecem de fontes mais fidedignas. Em um artigo escrito para a revista Slate, faz-se a grande pergunta: What can bloggers do that reporters can’t? E eu ouso responder: errar mais frequentemente.

"As many critics have remarked, blogs will never replace the mainstream media because without the mainstream media to feed on they can't exist. Blogs are parasites, they say."

Essa é uma verdade, os blogs ainda dependem enormemente do suporte de fontes primárias de informação. E por isso, podem estar sujeitos a mais erros.

Sinais

só falta a Sandy

Em foto publicada na sua edição de 6 de abril, a Veja apostou na opção gordurinhas deslocalizadas. Mas deveria ter considerado gravidez. Agora é oficial. Britney Spears está esperando rebentos.


Tuesday, April 12, 2005

the pope is naked



Para quem acha que a cobertura da mídia para a questão papal acaba com seu funeral, novas notícias. No que será a primeira eleição de um papa no mundo pós-internet em que vivemos, todos os olhos estão voltados para o tal do conclave. Literalmente.

A coisa acontece mais ou menos como nas Olímpiadas. De uma hora para outra, todo mundo fica especialista em ginástica olímpica, e consegue detectar mudanças sistemáticas no dobrar de pernas da atleta no seu salto com meio duplo carpado. O que quer que isso queira dizer.

Por isso, todos querem saber quem é o novo papa. Da onde ele é. Qual sua formação. Qual sua orientação (não sexual, mas se ele é moderado ou integralista).

Eu não quero saber disso. A minha dúvida é só uma: qual é o nome que o novo papa vai escolher?

Eles mudam de nome, sabia? O primeiro a mudar foi Pedro, o primeiro apóstolo. Na verdade, Cristo mudou por ele. Simão virou Pedro e se tornou o primeiro papa.

Ninguém nunca mais usou o nome Pedro, e é por isso que não há um Pedro II; mas houve umas centenas de outros papas (na verdade, 264). Os nomes mais empregrados foram: João (23 vezes), Gregório (16), Bento (15), Clementino (14), Leão e Inocêncio (13) e Pio (12).

Está iniciado o bolão de apostas para o novo nome do papa. A opinião pública em geral acha que será João Paulo III. Alguns acham que será João XXIV - o que eu acho pouco provável, a não ser que Bernard Law seja eleito - mas é de se pensar em outros nomes.

Judas I era uma boa, como piada. Pode se pensar em Urbano IX, Próximo, ou Honório V. Pensando bem, melhor ficar com João Paulo III.

Monday, April 11, 2005

Um

Primeira tentativa de escrever algo sério. Agradeço desde já ao Oráculo por sua sabedoria e infinita paciência na arte de ajudar os não iniciados.