Thursday, September 29, 2005

mais entrevistas

Continuando na linha entrevistas em inglês que ninguém tem paciência para ler, essa conversa informal entre fãs e o autor de Calvin & Haroldo, Bill Watterson traz várias dúvidas que os fãs supostamente têm e uma matéria sobre o lançamento de The Complete Calvin & Hobbes.

Para mim é inútil. Tenho todos os livros, comprados para mim e meu irmão por meu pai, que muito provavelmente só fez isso porque queria um motivo para ele mesmo comprar e ler todas as histórias.

Mas é sempre legal ver perguntas de outros fãs. Apesar de ninguém ter feito a pergunta básica:

'Dada a chance, será que o Haroldo ficaria com a Suzie, metendo um dedo no olho metafórico em Calvin?'.

Hah. Esquece.



duelo


Nessa entrevista dupla, Neil Gaiman e Joss Whedon falam sobre seus trabalhos passados e presentes, bem como suas emelhanças como autores, referências e o seu público.

Conversa interessante entre dois autores interessantes. Gaiman é conhecidíssimo atualmente - e há uma menção-piada sobre esse assunto - por ter escrito Sandman para a DC Comics (uma HQ, deusdocéu) e outros livros de igual renome. Whedon foi o cara que criou Buffy, a caça-vampiros e a série de ficção-científica Firefly, que foi cancelada antes da hora e que agora virou filme.

A série era ótima. Mal posso esperar o filme.

Mas a questão principal da conversa foi essa, na minha opinião:

(ambos discutem sobre seus fãs, e sobre como esses mutaram de góticos estranhos para pessoas normais, que são até bonitas, então o jornalista comenta)

"When I was growing up, only the geek and socially marginal people were into stuff like Spiderman and JRR Tolkien. But in the last five years they've become the biggest enternainment phenomena around. How did it gets so nerds are suddenly driving popular culture?"

Que, em uma tradução porca, seria:

"Quando eu crescia, apenas os estranhos e os marginalizados socias curtiam coisas como Homem-Aranha e Tolkien. Mas, nos últimos cinco anos eles se tornaram o maior fenômeno do entretenimento que há por aí. Como é que pode que os nerds comandam a cultura popular?"


Basicamente o que eu tenho martelado nos ouvidos dos meus amigos nos últimos cinco anos.

Que merda, eu martelo isso no ouvido de qualquer pessoa que se dê ao trabalho de me ouvir.

A diferença entre mim e eles é que, aparentemente, eles estão achando isso bom.

De qualquer modo, o mercado está ficando cada vez mais nerd. Or so they say.



Wednesday, September 28, 2005

nerdice aguda patrocinada pela mídia

"Quando você tenta sair da ficção-científica eles vêm e te puxam de volta." - Michael Corleone.

Na lista dos melhores seriados de Sci-Fi (presumivelmente) de todos os tempos entraram alguns óbvios e outros nem tanto.

Claro, como o Leituras do Dia já colocou, qualquer lista que coloque Star Trek em primeiro lugar é uma lista muito fajuta. Mas não consigo pensar em um bom primeiro lugar.

Pelo menos a lista abre com um respeitoso 50 lugar para Earth: Final Conflict. Tivesse um pouquinho mais de cuidado com o roteiro, essa série seria o verdadeiro legado de Gene Rodenberry ao mundo, de tão legal que é a premissa original.

Obviamente algumas séries nunca nem passaram na minha frente. Wild Wild West é uma delas. Eu só vo o filme, meio-bom/meio-ruim, com o Will Smith e o Kevin Kline. Aparentemente a série original tinha o Jaws, do James Bond, no elenco. Bom motivo para assistir.

Outras eu assisti, mas queria ver de novo. Não entendo como não passam com mais frequência na TV, obrigando todo mundo a assistir merdas como Barrados no Baile ou Felicity. Bucky Rogers, Logan's Run, V, todos esses nunca mais (até onde eu sei) foram exibidos em horários aceitáveis.

Deveriam ser.

De qualquer modo, não vi Smallville, Brimstone ou Strangeluck (será que só eu gostava dessa série?) ali.

Mas a lista é honesta.

Saturday, September 17, 2005

# 3 - Frankenstein

[Mary Shelley, Record, 1973]

Clássico do romance científico. Criatura construída a partir de cadáveres rebela-se contra seu criador, exterminando um a um seus entes queridos. Considerado o primeiro romance de ficção científica, questiona o papel e a responsabilidade da ciência.


Não li. Não lerei. Chato.

E, sinceramente, vou adiantar: em nenhum momento desta lista aparece um livro que seja do Júlio Verne. Não dá para aguentar uma lista de melhores livros de ficção científica que não contenha um livro do francesão inventarioso. Meu background de estudante de colégio francês simplesmente EXIGE essa presença. Malditos.

De qualquer forma, Frankenstein é original. Até certo ponto. Tenho certeza que existe alguma lenda grega sobre algum herói que tem partes de seu corpo provenientes de outros lugares. Mas fiquei com preguiça de pesquisar.


Não, esquece. Eu vi isso em um episódio de Superamigos. Aquele em que o Batman vira um monstro do lixo. É um dos melhores. Junto com aquele em que o Aquaman se involui e toma a forma de um tubarão mesozóico. Daí um dos heróis (algo me diz que era o Eléktron, mas eu posso estar enganado) entra em uma mini-nave e salva o dia com algum tipo de cura miraculosa. Que desenho legal que era aquele.

# 2 - O Médico e o Monstro

[Robert Louis Stevenson, Nova Fronteira, 1992]

Clássico do romance científico vitoriano. Devido a uma experiência, médico transforma-se em psicopata furioso de aparência hedionda, no caso de dupla personalidade mais famoso da ficção.


Romance científico my ass.

É bom, mas tá mais para um tratado de moral do que para ficção científica; e eu vou ser obrigado a dizer que a minha visão de sci-fi foi moldada pelos filmes que adaptaram as obras e não as obras em si. É a única explicação plausível.

Mas algumas coisas do livro são excepcionalmente interessantes, como as mudanças de tamanho das personas do protagonista, que começam a se inverter à medida que ele as usa. (Na minha cabeça, Mr. Hyde sempre foi uma criatura imensa. Não um diabólico homenzinho.)

E isso sem falar que acabou se tornando um padrão literário na hora de falar de duplas personalidades. Mais ou menos como Édipo quando se quer falar de tara pela mãe.

(heheheheh. Acabei de imaginar todos os pervertidos que vão aparecer aqui se desapontando muito.)

Wednesday, September 14, 2005

#1 - O Homem do Castelo Alto

[Philip K. Dick, Brasiliense, 1985]

História alternativa. As potências do Eixo venceram a Segunda Guerra. A Costa Oeste dos EUA foi ocupada pelos japoneses e a Nova Inglaterra pelos nazistas. Nesse cenário insólito, um autor escreve um romance de história alternativa no qual os aliados venceram a guerra.

Hummm. Tudo verdade. Nada ousado hein. Sem opinião de verdade. Lendo assim pode-se ter a impressão de ser um livro dinâmico, coisa que a história não é. Na verdade, eu ainda vou ler os outros livros famosos do K. Dick. Algo me diz que, muito provavelmente, Blade Runner e Total Recall não têm nem a metade da adrenalina que os filmes tiveram. (Sim eu sei. "Blade Runner e adrenalina são palavras que não combinam. Leiam este livro e mudem de idéia.)

Mas O Homem do Castelo Alto é bastante interessante, e não apenas por tratar de um tema muito comum à ficção-científica - uchronias - mas por trazer uma série de análises sobre cultura e aculturamento.

No livro os imigrantes japoneses que vivem na Costa Oeste parecem gostar bastante de Pop Art americana, comprando relógios de pulso do Mickey Mouse e quadros que na verdade são gravuras de desenhos animados. Um dos protagonistas do livro é um homem que lida com esse tipo de material. Um antiquário.

Há um lado místico também, com o uso do I Ching como ferramenta de detecção de realidades alternativas. No caso, realidade alternativa é a nossa. Um site que se propõe a condensar resumos de livros explicou o mote da história:

"Os malvados perdem mesmo quando ganham".

É mais ou menos isso.


Tuesday, September 13, 2005

do motivo primeiro

Em que o honorável Marco resume os motivos que o levaram a criar um blog.

Há alguns anos atrás (2001, mais precisamente) a revista Sci-Fi News (1) publicou uma edição especial em que listava os 50 melhores produtos da sua área específica de análise.

Os 50 melhores episódios de Star Trek - coisa que eu achei uma idiotice completa, e eu actually (2) gosto de Star Trek -, os 50 melhores desenhos animados, os 50 melhores filmes de ficção-científica de todos os tempos. E por aí vai.

Era uma edição comemorativa de, hum, 50 edições e pareceu pertinente. Eu gostei. Eu gosto bastante de listas.

Também havia uma lista contendo os 50 melhores livros de ficção-científica (e fantasia) de todos os tempos. Uau, livros.

Na época eu pensei: "bah (3), ia ser muito legal poder comentar o comentário".

Era a minha idéia original quando eu criei o blog. Aparentemente, a preguiça e a vontade de publicar imagens engraçadas destruiu o sonho. Até hoje.

Por isso vou dar continuidade a um projeto que nunca nasceu. A idéia é comentar o comentário de livros que eu já li. Óbvio. Comentar livros que não leu é coisa que meu pais faz. (Mas ele tem uma técnica especial e nunca erra).

E isso esbarra em dois problemas: que a lista se refere apenas a livros publicados em português, e que nem todos eu li. Então todo esse esforço é apenas mais uma desculpa esfarrapada minha para ler mais e mais livros.

Notas:

(1) Eu ia botar um hyperlink ali. Desisti. A partir de agora links serão mais e mais escassos.

(2) Sim, o leitor perspicaz já se apercebeu que expressões idiomáticas em línguas que não a nossa se multiplicam em ritmo acelerado. Damn. Isso é reflexo da minha tentativa de fazer um blog mais parecido com o do Soaressilva.

(3) Nessa época eu já tinha adquirido meu novíssimo sotaque gaúcho. O bah procede e não é de maneira alguma anacrônico.

(4) Notas de rodapé são deliciosas.

(5) Sim, eu me contradisse na nota 2. Quem nunca se contradiz é idiota.




no more

Dois meses depois, o cara esquece qual o tamanho de fonte ideal.

Não mais.

ah, sim

Duas coisas:

1. Aos meus três leitores: é claro que aquela coisa de me dirigir ao imbecil bibliófilo no post anterior eu obviamente não estava querendo inferir que vocês cometem tal tipo de ato.

Foi uma coisa assim meio metalinguística (já soou errado aqui, mas foi), tipo quebrar a quarta barreira, sei lá. Esse tipo de coisa.

2. Não é por causa da rabugice e da reclamação mas o post anterior meio que me lembrou todo o porquê de eu começar essa tal de blog. Havia uma idéia inicial, afinal. E lembrei dela hoje.

Mais por vir.

gore

Claro, depois de quase dois meses o único motivo que se tem para escrever é reclamar. Não que seja algo que eu goste de fazer, mas é que às vezes é necessário, entende? Algo como uma função social do escrevente.

As pessoas deveriam ser proibidas de escrever em livros públicos.

É o tipo de coisa que mulheres fazem. Mas deveria ser punido com a morte para pessoas que fazem isso em livros emprestados de biblioteca. Eu já abomino quem escreve em livros em geral (com exceção da Bíblia, que nasceu para ser rabiscada com notas de rodapé) mas daí se chegou a um extremo da falta de civilidade.

No exemplar de A Era Dourada, do sr. Gore Vidal, que tenho em mãos, há passagens inteiras sublinhadas. A lápis. Às vezes sugerindo um tipo meticuloso de busca por alguma verdade. Às vezes sem motivo aparente nenhum. De qualquer modo, são traços tortos, que fazem com que as partes sublinhadas fiquem ainda mais feias.

E o pior: influenciam a leitura da maneira mais idiota possível. Exemplos:

"... o público gostava mais de ver gente bonita, belas casas e um mistério sombrio como pano de fundo..."

"... a frase que obviamente achava que repercutiria historicamente por toda a eternidade..."

"... "Prefiro ter razão a ser presidente"..."


Ali pela página 67 a coisa parou. Eu pensei: - Certamente o idiota não aguentou ler até o final.

Mas há uma grande passagem sublinhada na página 112. O que indica que a pessoa passou a ler com folheadas cada vez mais largas, fazendo com que suas anotações fossem muito mais compactas. Grandes e compactas.

Até agora, este foi o último suspiro. Mas o pior mesmo é ficar se perguntando enquanto lê qual era afinal o propósito da pesquisa. E porque parou? O que será que o imbecil bibliófilo não encontrou em um livro tão bom?

Deus do céu, morte a quem escreve em livros públicos.

E se escreverem, se forem obrigados a escrever, coloquem um adendo, um índez, uma explicação, uma carta aos futuros leitores.

Porque eu PRECISO saber porque diabos você estava anotando.