Wednesday, April 20, 2005

livros sobre livros


Dia desses morreu o Saul Bellow. Ele era um escritor canadense, mas que se radicou desde cedo nos Estados Unidos, de origem judaica e que escrevia sobre o cotidiano urbano de cidades, tendo como referência Chicago e Nova Iorque. Eu tentei ler um livro dele - "Henderson, o rei da chuva" - mas não terminei. Não me lembro porque. Acho que era emprestado. De qualquer modo, não posso opinar sobre a obra deste autor agraciado com o Nobel de literatura em 1976.

O que acontece é que na última Veja saiu uma matéria com um perfil dele, em que o escritor aparecia em uma foto, de chapéu. Não era exatamente uma foto recente, mas eu sempre me admiro com pessoas que usam chapéu. Não boina, não boné, mas chapéu. Parece uma coisa digna e sofisticada, que é como eu penso que o Bellow era. E isso me lembrou de uma vez em que eu estava em uma livraria e peguei o último livro dele para folhear.

"Ravelstein" é um livro sobre um escritor, pelo menos é o que dizia a contracapa, e eu realmente gosto de livros sobre escritores. São livros sobre livros na maioria das vezes, na verdade.

E isso tudo foi só para dizer como os livros sobre livros são interessantes. Talvez seja por isso que eu goste tanto de "As Piedosas", do Federico Andahazi. Todo aquele clima fictício em cima de fatos supostamente reais me faz pensar.

"Hollywood", do Bukowski, é outro caso de livro sobre o ato de escrever, e, apesar do Bukowski, traz uma história muiyo legal sobre um autor tentando transcrever sua obra para outro meio, no caso, o cinema.

Diversos outros livros trazem este tipo de ponto de vista, o autor como personagem. Ernest Hemingway escreveu "Paris é uma Festa" quando vivia em um estado de semi-miséria em Paris (obviamente) tentando fazer uma vida como escritor. "Fome", de outro ganhador do Nobel (Knut Hanson) também segue por esta mesma linha. ( Na verdade, Hansun praticamente criou a figura do escritor maldito, mulambento e esfomeado, sendo o antecessor de John Fante e Charles Bukowski, entre outros. Sim, mordam-se ao saber disso, estudantes de comunicação).

Eu, particularmente, gosto muito de Michael Chabon. Em "Garotos Incríveis", Chabon esmiuça com humor e qualidade como é o mercado editorial e a agonia criativa que um escritor pode ser obrigado a passar. Em "As Íncriveis Aventuras de Kavalier e Clay" - ganhador do Pulitzer de melhor ficção em2001 - ele aborda outro tipo de processo criativo, o quadrinístico.

Isso sem falar de "Fahrenheit 451", de Ray Bradbury. Um livro que critica a falta de cultura, a imbecilização frente à televisão e a censura tinha que ser bom. Mas foi melhor.

É. Os livros sobre livros são os melhores. Ou não. Veremos.

1 comment:

Quick said...

Pois é. Nessa mesma linha tem o Budapeste, do Chico Buarque. Confesso que o livro me surpreendeu positivamente.
Vale o tempo depositado nele.