Tuesday, December 26, 2006

Adams, Scott Adams.

Eu demorei muito para gostar de Dilbert. Meu mai costumava dizer que só quem trabalha ou trabalhou em empresas pode começar a entender todos os desdobramentos das piadas, referências internas e coisinhas malignas que acontecem nas tiras. Algo como: 'só quem sente na pele pode achar alguma graça daquilo'. Claro, você pode até compreender o que está acontecendo naquele universo ficcional, mas a catarse necessária para aquele momento de revelação em que se percebe que o departamento de contabilidade é do mal e que os recursos humanos são completamente debilóides só ocorre com pessoas que conviveram com isto, e que SABEM que o departamento de contabilidade é do mal e que os recursos humanos são debilóides.


É por isso que apenas recentemente a tira Dilbert fez o sucesso que merece comigo. Mais ou menos como Frasier, mas em escalas diferentes. (Para gostar de Frasier tem-se que ter bibliotecas e ser um bibliófilo e saber quem foram Gilbert & Sullivan; enquanto para gostar de Dilbert você tem que entender que o departamento de contabilidade é do mal e que, ah, what the fuck, vocês quatro já entenderam...)


Acho que em 1997 ou 1998 eu e meu irmão demos o primeiro livro para meu pai - que sempre foi fã, mesmo antes de absolutamente todo mundo ser fã - que gostou bastante, mas com um entusiasmo blasé desconcertante. Conversando no Natal com ele, eu pedi o livro emprestado e ele disse que estava mesmo trazendo na mala porque um colega já havia pedido. Aparentemente a obra está esgotada em português e não se encontra em lugar nenhum, livrarias ou sebos. Acho que no final foi um presente bom. Melhor que meias. Ou gravatas.


Tá, de qualquer modo, todo este post foi só para linkar um post do blog do próprio criador do Dilbert, Scott Adams, que eu tenho acompanhado com semi-regularidade nas últimas semanas. O cara é muito bom escrevendo prosa, em posts nem muito curtos nem muito longos em que você se mija rindo da visão de mundo que ele tem. Ou algo assim.


Mas isso me chamou a atenção: (texto na íntegra, quem não gosta de ler que saia daqui)

Yesterday I “helped” by taking the dishes out of the dishwasher and putting them in the cupboard. I did all of the plates and cups and glasses and bowls first. Then I put away the larger serving spoons and odds and ends. The last step was the flatware.

But some of the flatware was clearly unwashed.

Oh shit.

All of the other dishes were clean. Or at least cleanish. But these two butter knives had butter on them. I had two theories:

1. The dishwasher had run but someone later put a few dirty butter knives in there by mistake.

2. None of the dishes were clean and I had put them back in the cupboards.

This sort of thing never happens if I’m the one who loaded the dishwasher in the first place because I don’t first rinse everything. I put dishes in there dirty and proud, so you know when the dishwasher has run. But these dishes COULD have been merely rinsed by someone more thorough.

I decided to leave the dirty flatware and just be quiet about the stuff I put away, under the theory that it would be better if I never knew how many dirty dishes I had put away and later reused. This theory was working great until…

Shelly: “Why is the dishwasher empty except for these dirty forks and knives and spoons?”

Me: “Um…Because everything else was washed?”

Shelly: “I don’t think so. I think it was all dirty. What happened to all of those dirty dishes?”

Me” “Um…I’m pretty sure the rest of that stuff was totally clean. So…I…put it away.”

Shelly: “Even Molly’s bowl?”

Now at this point in the story you have to know that Molly is my mother-in-law’s dog who was visiting before Christmas. Molly’s temporary dog bowl was one of our everyday bowls. That meant there was a 1-in-4 chance that I would be the one who ended up eating cereal out of the dog’s dirty (yet rinsed!) bowl.

So I caved in and unloaded all of the dirty dishes from the cupboards back to the dishwasher – at least the ones I remembered.

My long term goal is to develop such a reputation for household incompetence that I am never again asked to do anything around the house. So far my plan is right on track.


Sério. Só eu fiquei assombrado deles utilizarem uma das próprias tijelas para usa com o cachorro da sogra?? E depois colocar na máquina de lavar-louça e a ÚNICA preocupação foi que o ciclo de lavagem não se completou? Deusdocéu. Eu devo ser muito judeu neurótico para achar isso fora do comum pelo visto.

Bem, blog recomendado. Tem um post sobre discriminação ótimo, que meio que sintetiza tudo que eu penso. (Então somos ambos ou muito nazistas ou muito igualitários, e meu judaísmo iria de encontro à primeira opção, então...)



4 comments:

Meneghini said...
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Meneghini said...
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Meneghini said...

Não é o único. Mother-in-law's dog's bowl é algo que me deixa seriamente preocupado com o estilo de vida na America. Que tipo de gente mistura a tigela da cachorra com o resto da louça. Pior, que tipo de gente encara com naturalidade a convivência com a cachorra da sogra, em qualquer que seja o sentido.

Magro said...

hahahahah. Três comentários. Concordou tanto que TEVE que triplicar ou foi uma coisa de transtorno obssessivo compulsivo? Hein, Monk?

Mas sério: tigela da cachorra?? Urgh.