É uma coisa meio velha misturada com uma coisa meio nova, mas andei assistindo a uma série de debates sobre Jornalismo e Literatura na Feira do Livro de Porto Alegre.
Quer dizer, série é meio exagerado; foram apenas dois até agora.
Domingo passado, dia 29, o tema foi Jornalismo Literário, com participação da Eliane Brum, repórter da Revista Época, muito simpática e (ouso dizer) sensível. Também estiveram lá Carlos André Moreira (mediador), Vítor Necchi (professor da Famecos-PUCRS) e Edvaldo Pereira Lima (vice-presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Literário). Surpreendentemente os teóricos falaram melhor, com mais conhecimento e dando uma palestra acessível para a platéia, especialmente porque não se sabe quantos dos presentes sabiam quem era Gay Talese in the first place. A Eliane é melhor escrevendo do que falando, talvez por timidez.
No dia 1º foi a vez dos blogs, estes esquecidos¹. Sérgio Lüdtke mediou, Tailor Diniz e Cardoso participaram e Eduardo Pellanda (da Famecos) participaram. Eu não sei se foi porque eu deixei de participar deste tipo de evento há muito tempo, quando eu ainda ia na Bienal dos Quadrinhos do Rio de Janeiro², ou se os palestrantes eram bons mesmo, mas achei muito bom o tom e a qualidade do papo. (Ou, como meu pai vive dizendo, é muito fácil se achar inteligente e achar todos inteligentes quando estamos concordando. Quer dizer, estão falando sobre Long Tail? Technorati? Wired? blogs políticos? Todas essas coisas que eu acompanho? Então somos inteligentes juntos.)
O legal mesmo foi conhecer o Cardoso. Cara legal.
De qualquer modo, a opinião quase unânime lá foi de que os blogs têm que ser espontâneos para serem, surpresa, surpresa, verdadeiros. Isso me parece meio óbvio, mas é de uma simplicidade quase atordoante. Não é porque os blogs têm que ser contra o sistema, "nós" contra "eles", nem nada disso; mas faz parte do charme do meio blog esta coisa meio caseira de escrever³.
¹ Ah, as piadas. O que seria de um post sem piadas.
² Pode parecer muito estranho, mas eu me lembro o momento exato em que desisti de participar/assistir deste tipo de coisa. Era a II ou III Bienal dos Quadrinhos do RJ e eu estava em uma palestra - bastante cheia, lotada até - em que a estrela era o Bill Sienkiwekiz. O cara era a estrela da época, ou algo assim, e todo mundo tinha lido Elektra Assassina e sei lá mais o que. Eu tinha acabado de responder a um cara que sim, o Bill já tinha desenhado Batman, e era só ele procurar a capa de Superpowers 10 para se calar e me idolatrar como grande conoisseur para sempre. Tinha acabado de dizer isso quando um gordinho se levantou e - dispensando intérprete - fez a sua pergunta em inglês mesmo. (Devo dizer que isso sempre é temerário. Mesmo que você seja mais do que fluente, isso só gera mal estar e má vontade). Ele perguntou ao Bill quais cores ele tinha usado ao fazer Elektra Assassina.
Bill prontamente respondeu: "Yellow, Blue, Red, you know..."
Ali, naquele momento eu parei de frequentar essas coisas. Debates, seminários, oficinas, workshops. A cena toda foi de um escrotismo tão intenso - de todos os lados - que simplesmente achei que era melhor parar. Sair fora.
³ Isso me fez pensar muito sobre este blog, é óbvio. É espontâneo, mas eu realmente não sei ainda sobre o que é.
Friday, November 03, 2006
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4 comments:
Em tempo: o cara dispensar o intérprete realmente é algo que só pode acabar dando merda. E que arrogância... coisa de gordinho chonho.
Acho que o nome dele era Gús.
E meu pai tem H no nome.
Concordo contigo e, principalmente, com o Honório. E não tinha notado como vocês são inteligentes também.
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